2009/09/15

Um ano de Canadá

Fizemos um ano de Canadá em 18 de agosto.

Olhando para trás, percebo como nossa vida mudou em tão pouco tempo. Não que um ano seja pouco tempo mas diante de tudo o que vivemos, experimentamos, conhecemos, admiramos, rejeitamos, sofremos e ganhamos, é quase nada.

Se tivéssemos bola de cristal, talvez tivesse sido melhor virmos 6 meses depois (André discorda) por causa da crise ou "stock market crash". O que vimos nessa época foram os anúncios de emprego sumirem, foi impressionante... quando não sumiam, as empresas congelavam o processo de contratação e isso, para nós que estávamos do outro lado, foi aterrorizante. Mas, no último dia útil do ano (19 de dezembro - aniversário da minha irmã mais nova Katia Montanha), a mão de Deus nos tirou do turbilhão e André foi contratado (e tem gente que ainda não acredita em Deus!)

Por outro lado, talvez não fosse tão diferente se tivessemos aterrizado mais tarde. Problemas sempre existirão e que venham os próximos!

Na verdade acho que eu só aterrizei no Canadá agora, um ano depois. Não sou uma pessoa muito fácil de me adaptar. Pareço com aquelas plantas que quando são retiradas de seu habitat, passam um tempo feias, murchas para depois florescerem. Apesar da andança por aí (Salvador-Rio-Niterói-Salvador-Belo Horizonte-Salvador-Rio-Toronto) não me acostumo. E agora tem mais, em novembro vamos nos mudar para Aurora, cidade de 40.000 hab perto de Toronto.

No mais, a vida segue muuuiiito tranquila, como é a vida canadense e isso já se refletiu na minha saúde. Há 4 anos vinha tomando remédio para o colesterol e para pressão alta, resultado de 5 anos de trabalho entre a favela da Mangueira e do Complexo do Alemão e 7 anos morando numa cidade citiada (eu adoro o Rio mas não suportava mais viver olhando pelos meus ombros e ver meus filhos sem recreio por causa de tiroteio no morro). Hoje meu colesterol está controlado e minha pressão 110X70, sem nenhum medicamento.

Sinto falta do Brasil? Não, sinto falta das pessoas e por pessoas digo família e amigos, pois não tenho saudade da forma como as pessoas dirigem, das armações dos políticos e principalmente da voz do Lula, argh!

As crianças estão bem. Aline está ficando perigosa... perguntamos qualquer coisa a ela em português e ela responde em inglês. Estamos sempre monitorando isso pois vemos muitas crianças aqui que chegaram com a mesma idade dela e que agora falam português como gringos. Alexandre foi para o High School e aqui virou Alex. Trabalha como baby sitter nos finais de semana e com seu dinheiro já comprou itouch, bicicleta e até um play station 3 com blu-ray e tudo!

Eu começo a florescer... Já passei de empregada doméstica (na minha própria casa) a dona de casa ou melhor housewife, fica mais bonito (depois que consegui estipular uma rotina para as atividades domésticas). Atualmente, quando perguntam minha profissão, digo que sou uma Thinker (fico pensando "qué que é que eu vô fazê da minha vida!"). Por enquanto, fazer nada tá bom!
Beijos a todos e saudades,
Elaine

Nenhum comentário: